RESENHA: O Príncipe de Nicolau Maquiavel

13:10

“O Príncipe” foi escrito e dedicado a Lorenzo de Médici, após, em 1512, Nicolau Maquiavel ter perdido suas funções públicas e ter sido exilado. Numa tentativa de conquistar a graça dos novos governantes o italiano escreveu uma série de “dicas”, ou até mesmo um manual do bom governante, imputando todos seus conhecimentos históricos e políticos e trazendo sua opinião sobre cada exemplo de conquistas e perdas de poder, bons e maus governos, desde gregos, romanos a até os próprios italianos. 

“Não ornei este trabalho, nem o enchi de períodos sonoros ou de palavras pomposas e magníficas, ou de qualquer outra figura de retórica ou ornamento extrínseco, com os quais muitos costumam desenvolver e enfeitar suas obras. ”

É um livro polêmico, extremamente discutido no meio acadêmico e um grande divisor de opiniões. Alguns o consideram uma espécie de “Manual do absolutismo”, outros, o ver como uma expressão de liberdade de ideias. Mas a verdade, é que a ideia central de Maquiavel era que para se tornar chefe, introduzir novas leis e conquistar o respeito do povo e da força e, assim, estabelecer seu principado, era preciso usar todos os recursos possíveis quando necessário, até mesmo meios ilícitos. Seja pela força, seja pelo populismo, conquistando os menos prestigiados, abatendo os mais fortes e sendo atento a estrangeiros. Não importa o que se faz no “meio”, se você quer chegar a determinado “fim”.

“Deve-se considerar não haver coisa mais difícil para cuidar, nem mais duvidosa a conseguir, nem mais perigosa de manejar, que tornar-se chefe e introduzir novas ordens. ”

Não só dizendo caminhos para se chegar ao poder, ele também descreve cuidados sobre como mantê-lo, principalmente se o lugar conquistado for de cultura, língua e costumes diferentes. Nesse caso, o príncipe deve conhecer de perto o lugar geográfico e as pessoas que fazem parte daquele território, ou seja, o habitando. Pois assim, vendo nascer insurgências, mais fácil é elimina-las e manter o controle. Ele faz uma comparação com a tuberculose, que no início é de difícil diagnóstico, mas é fácil a cura, depois, é de fácil diagnóstico, mas de difícil tratamento. Percebe-se também, que para Maquiavel, era de extrema importância observar os exemplos dos grandes homens da história e, vendo seus erros e acertos, ter maior amplitude de possibilidades. “Tinha, pois, Luís, cometido estes cinco erros...”, “Isso tudo ocorreu porque os romanos fizeram nesses casos...”.

“Mas a pouca prudência dos homens não descobre o veneno que está escondido nas coisas que bem lhes parecem ao princípio. “

Muitas das ideias não se aplicam somente àquele período, são mais que atuais. Não recomendo ler essa “carta-manual” se você não consegue digerir bem opiniões alheias – as de Maquiavel então! No geral achei extremamente interessante. A maneira como ele aponta um problema e logo em seguida uma solução é fantástica. Como o mesmo disse, “todavia, como é meu intento escrever coisa útil para os que se interessarem, pareceu-me mais conveniente procurar a verdade pelo efeito das coisas, do que pelo que delas se possa imaginar. ”

“Porque entre as outras razões que te acarretam males, o estar desarmado te obriga a ser submisso. ”
 Maquiavel diz que pensar na guerra deve ser um hábito constante, mesmo em tempo de paz, deve-se pensar mais na guerra que na própria paz. São ideias contundentes, porém, não se pode eliminá-las e deixar o tempo apaga-las. Enfim. Quando peguei esse livro para ler julguei ser uma leitura arrastada e difícil, engano destilado. Além de fluida a escrita, a divisão de capítulos é bem dinâmica e, sempre – ou quase - Maquiavel faz uma conclusão e o que se deve “pôr no papel” de tudo aquilo. É um livro atemporal, embora destinado a determinado período.

Título: O Príncipe
Autor: Nicolau Maquiavel
Editora: Nova Fronteira Participações S.A.

Páginas: Nota: 5/5

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2 comentários

  1. Fiquei com muita vontade de ler esse livrinho depois dessa resenha. Parabéns pela escrita!

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  2. Eu comprei essa edição ontem na Americanas. Foi bom ler sua resenha para me animar a engatar a leitura ;)

    http://caindonacultura.com

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