iletrando: junho 2016

Durante meses ouvi muito se falar sobre a história da Louisa Clark e do Will Traynor. Mergulhei no livro com expectativas crescendo exponencialmente. Por ter o costume de ler alguns romances e YA (Young Adult), já estava me “adaptando” com a linha desenvolvida nesse tipo de narrativa, e o que aconteceu? Quebrei a cara! Ou melhor, o coração! Mais que um simples arranjo melódico, esse livro se mostrou uma verdadeira orquestra sinfônica. Como Eu Era Antes De Você é tão “real” quanto a realidade e tão “verdadeiro” quanto a verdade! Uma profunda abordagem sobre a solidariedade, amizade e, principalmente, o amor verdadeiro (sim, ele existe) e o que fazemos em nome dele. Apaixonante? Claro. Emocionante? Com certeza. Alguma palavra pode definir essa obra? Não, não há o que falar, apenas sentir!

Louisa Clark é uma mulher de 26 anos, trabalha como garçonete em um café, mora com os pais e tem um relacionamento sem muito envolvimento, com Patrick, um atleta completamente obstinado. Totalmente acomodada à sua vida ela não tem ambições, de forma que seu maior desejo é que as coisas continuem exatamente como estão. No entanto ela vê sua vida de cabeça para baixo quando o dono do café onde trabalha decide fechá-lo. Sem estudo e sem saber fazer outra coisa na vida, a única opção de emprego que Lou encontra é como cuidadora de um tetraplégico. Will Traynor é um homem de 35 anos que viu seu mundo girar completamente dois anos antes, quando uma moto o atropelou e o deixou tetraplégico. Inteligente, culto, porém extremamente amargurado e mal-humorado, Will não aceita sua nova condição pós-acidente – o que só começa a mudar quando Clark passa a trabalhar em sua casa.

“Eu gostaria de sentir pena dele. Eu realmente queria. Quando o pegava olhando para fora através da janela, pensava que ele era a pessoa mais triste que eu já conhecera. ” Lou

Louisa Clark fechou contrato de 6 meses para trabalhar na casa da Sra. Traynor. Com algumas poucas semanas de trabalho descobriu que Will já houvera tentado suicídio várias vezes, e que ao fim do contrato de Louisa ele iria para uma clínica de suicídio assistido, a Dignitas. Ela fica arrasada, devastada. Pensou em desistir do trabalho antes dos 6 meses, mas ao invés disso, tornou sua estadia na casa numa oportunidade para fazê-lo desistir de sua escolha, a morte. Logo, ela prepara todo um roteiro de viagens e programas diários a fim de mostrar a Traynor que ele ainda pode viver uma vida feliz. É claro que no início foi um pouco difícil, uma vez que Will afastava qualquer pessoa que chegasse perto, mas Lou conseguiu o que pareceria ser impossível: entrar na bolha amargurada de Traynor. Dia a dia eles vão construindo uma relação de amizade que não demora muito para se transformar em amor.

“É isso. Você está marcada no meu coração, Clark. Desde o dia em que chegou, com suas roupas ridículas, suas piadas ruins, e total incapacidade de disfarçar o que sente.” Will

Mais que um simples romance, a autora conseguiu abordar um tema tão delicado e pouco discutido como a rotina de um cadeirante e as dificuldades do dia a dia, como por exemplo, a falta de estrutura de alguns lugares para receber cadeirantes (a cena do restaurante, chorei) e a falta de solidariedade e compaixão de algumas pessoas (nossa, como senti raiva em alguns momentos). Vemos também, o complicado relacionamento entre Will e sua mãe, Camila. Os dois completamente fechados sentimentalmente. Sem relacionamento afetivo. Mas, apesar de toda frieza e afastamento, vemos o amor do Will pela família e a vontade de sua mãe em faze-lo feliz. Jojo Moyes (autora), nos fez sentir na pele a falta de aceitação de um tetraplégico, ainda mais complicado, de um ex-jovem-ativo e esportivo com sua rotina totalmente alterada. Ela nos fez sentir todas as frustrações e tristezas, e até aceitar a ideia (em alguns momentos) de que a morte seria a melhor alternativa.

“Então, meu coração se partiu. Meu rosto se contorceu, perdi o controle, apertei-o com força e não me importei que ele sentisse meu corpo estremecer com soluços. Aquilo me sobrecarregou, partiu meu coração, meu estômago, minha cabeça, me invadiu e não pude aguentar. Achei que, sinceramente, não aguentaria. ” Lou

Leitura simples e fácil, bastante dinâmica e instigante. É daqueles que você pega e em algumas poucas horas termina e fica numa ressaca literária das grandes (demorei 23 dias para pegar um outro livro para ler). No início falei que minhas expectativas tendiam ao infinito, pois é, elas foram superadas. Livro maravilhoso e reflexivo. Só digo uma coisa, tem coração de pedra? Acha que não vai chorar? Acha que é forte emocionalmente? Só leia esse livro, ok?!