RESENHA: Fluam, Minhas Lágrimas, Disse o Policial - Philip K. Dick

16:48

“Fluam, Minhas Lágrimas, disse o Policial” foi meu primeiro contato com o SENSACIONAL Philip K. Dick. Como a sinopse diz, ele explora com maestria os limites entre percepção e realidade. Essa ambientação futurística, distopia inigualável, embora se passe em 1988, se consagrou vencedora do prêmio John W. Campbell de 1975 como melhor romance de ficção científica – bem merecido!

O livro irá contar a história de Jason Taverner, um dos apresentadores de TV mais influentes na sociedade, e cantor muito conhecido de Los Angeles. Embebido de privilégios; rico, charmoso e mulherengo, tem sua vida virada de um dia para o outro. Dormiu existindo e acordou não existindo. Sem nenhuma documentação, em um quarto de hotel qualquer, cheio de dinheiro no bolso, e o pior: ele lembrava de tudo de sua vida, mas os outros não (a princípio).

“- Você não está sendo responsável.
- Por quem? Não estou me responsabilizando pela sua vida, se é o que quer dizer. Isso cabe a você. Não me jogue esse peso.
- A responsabilidade – ele disse – pela consequência de seus atos aos outros. Você está em uma deriva moral e ética. Lançando ataques aqui e ali, depois voltando a afundar. Como se nada acontecesse. Deixando a batata quente nas mãos dos outros.”

Coisa interessante, é que talvez não se perceba o desespero em meio a essa situação no personagem, mas sim no leitor. O Jason Taverner não surta, mas eu fiquei desesperado! Ponto forte na escrita do Philip. Numa sociedade onde a cada esquina tem forças militares, não se pode andar sem documentos, caso contrário, vai parar em algum campo de trabalho forçado. Logo, o Jason sai em busca de respostas para o que está acontecendo com ele.

“- O medo – disse Jason – pode fazer você cometer mais erros que o ódio ou o ciúme. Quando está com medo, você não se entrega à vida por completo. Ele faz com que você sempre, sempre reprima algo. ”

Nessa jornada de dois dias o Taverner passa por vários apertos, principalmente ao conhecer a Alys Buckman, irmã, tipo Cersei Lannister, do general da Polícia. Drogas depreciativas super-desenvolvidas, redução da maioridade sexual para 13 anos, sociedade opressora, e as relações humanas no geral. Com um embasamento social fantástico, críticas e reflexões vão sendo construídas. Há momentos de choque no leitor. Confesso que parei em algumas partes pela situação ser tão grotesca e estranha para tentar analisar o que estava acontecendo.


“Você não deveria se assustar com tanta facilidade. Ou a vida será demais para você! ”

Uma das coisas que fizeram o Philip K. Dick ganhar uma vaga no meu Top 10 de preferidos, foi a explicação do título. Achei sensacional! Não é algo solto. A escrita é muito fluida e de fácil compreensão, te leva a criar milhões de teorias loucas devido ao contexto louco, porém maravilhoso. Tem o Epílogo, que mostra como sucedeu cada pessoinha apresentada ao longo da narrativa, amei! Tem muitos diálogos existencialista excelentes, te faz pensar bastante. Sem falar da edição né? Uma capa linda, faz jus a história psicodélica do livro!

Título: Fluam, Minhas Lágrimas, Disse o Policial
Autor: Philip K. Dick
Editora: Aleph
Páginas: 255

Nota: 5/5 

Por Leonardo Andrade
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1 comentários

  1. Amei, tá de parabéns pela resenha. Quando eu crescer quero ser igual a você. Kkkk

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